Mesmo que passasse um mês desbravando Florianópolis eu não teria a menor habilidade para dizer qual a melhor praia da cidade. Mas 30 segundos diante do pequeno casario de Santo Antônio de Lisboa e meu faro fino já poderia decretar: este é o meu passeio preferido na ilha.
Santo Antônio de Lisboa é um dos bairros mais antigos da capital, um recanto açoriano que recebeu milhares de imigrantes entre os séculos 17 e 18. A memória dessa época está embrenhada nas construções antigas e na gastronomia local, voltada para os pratos à base de frutos do mar.
O epicentro do bairro é a Igreja Nossa Senhora das Necessidades, fundada em 1756. Lindinha por fora, preciosa por dentro. Funciona normalmente com missas e celebrações. Pode ser visitada todos os dias das 8h às 12h e das 13h30 às 17h. Se você veio motorizado, aproveite para deixar o carro estacionado por aqui, já que boa parte do passeio vai ser a pé.
Na rua ao lado, à direita de quem sai da igreja, você encontra alguns exemplos da arquitetura açoriana. São casas transformadas em ateliês, lojas de renda de bilro e restaurantes.
Desta rua já desça para a beira-mar, uma faixa estreita, mas com diversos lugares para provar a iguaria mais famosa do local: as ostras.
Fotos do meu instagram: @matraqueando
Existem várias “fazendas de ostras” na região, o que faz com que o molusco chegue fresquinho aos restaurantes. Santa Catarina, aliás, é a maior produtora de ostras do país. Nós almoçamos peixe e comemos uma porção de ostra gratinada (12 unidades por R$ 36) no Oyster Bar, mas ela pode ser consumida também ao bafo (R$ 16) e in natura (R$ 13), ou seja, crua. Passo.
O quarteirão que abriga os principais restaurantes (a maioria com deck voltado para o mar) é um dos trechos mais agradáveis e rende boas fotos da orla. Reúne ainda algumas lojas de artesanato, entre elas o Atelier Santo de Casa, que vende obras e peças de artistas locais. Perfeito para quem gosta de coisinhas criativas e objetos de decoração coloridos e inventivos.
Ali perto, o centro histórico do bairro se consagra: na Praça Roldão da Rocha Pires está a primeira rua calçada de Santa Catarina. Foi construída para homenagear Dom Pedro II que visitou a chamada freguesia de Santo Antônio de Lisboa na metade do século 19.
Na Praça Roldão também acontece a Feira das Alfaias, mais conhecida como Feirinha de Santo Antônio de Lisboa. Algumas barraquinhas vendem livros, telas, mosaicos, roupas, bijuterias, artesanato, objetos de madeira e peças feitas com renda de bilro, uma técnica herdada da cultura açoriana.
Geralmente acontece aos fins de semana (sábado, 14h às 20h) e domingos (14h às 19h). Na alta temporada funciona também nos feriados das 15h às 21h. Mas não leve estes horários muito à risca. Nas duas vezes em que estive aqui percebi que nem todos os expositores aparecem e que cada um vai fechando mais ou menos no horário que lhe convém.
Há pouco tempo a Feirinha Orgânica que acontecia na Ponta do Sambaqui passou a acontecer junto com a Feira das Alfaias, com melhor acesso não só aos moradores, mas também aos turistas. Todos os sábados, 7h às 14h, frutas e legumes fresquinhos com ótimos preços. Quem estiver hospedado em casa ou apartamento de temporada (nós ficamos neste flat supereconômico e adoramos!) pode comprar aqui a salada mais limpa e nutritiva das férias.
Fotos do meu instagram: @matraqueando
Depois do almoço, nossa sobremesa foi no Café da Praça. O lugar tem preços acima da média para meu padrão mão de vaca muquirana (cafezinho espresso pequeno por R$ 6 pilas!), mas tem tortas, bolos e doces incríveis que valem o momento extravagância. Provamos um bolo de chocolate belga com creme de brigadeiro. Não me lembro do valor exato (gira em torno de R$ 13), mas é muito, muito bom! O must para mim foi a panelinha de tapioca cremosa com lascas de coco queimado (R$ 14,70). Serve duas pessoas tranquilo! (Valores de janeiro de 2016.)
Só para você entender, Santo Antônio de Lisboa é um bairro, uma praia (linda, mas imprópria para banho) e também nome de um distrito que compreende os bairros de Sambaqui, Barra de Sambaqui e Cacupé. Essa região toda forma a Rota Gastronômica do Sol Poente.
O nome faz uma alusão aos diversos restaurantes da região e à localização geográfica que privilegia um lindíssimo pôr do sol. Fica na região noroeste, a 16 quilômetros do centro e a caminho de algumas praias do norte da ilha como Daniela, Jurerê e Canasvieiras.
Para seguir em direção a Sambaqui é necessário pegar o carro. Ao lado de Santo Antônio de Lisboa, a praia de Sambaqui forma a dupla de vila de pescadores mais antigas do estado.
Durante o caminho aparecem mais construções típicas da herança colonial açoriana. É o tempo todo “para o carro, desce do carro, tira foto, sobe no carro, anda mais um pouco, para o carro, desce do carro…”. Até a Mariana garantiu um book da região com a maquininha rosa dela! Rá!
Também com raízes açorianas e mar calmo, a paisagem é o forte de Sambaqui. Tem vista panorâmica da Baía Norte e de parte do continente, além de poder observar daqui uma “plantação” de ostras no mar. Esta localização estratégica atraiu muitos bares e restaurantes para a região.
De volta a Santo Antônio de Lisboa, em frente à igreja Nossa Senhora das Necessidades, há um parquinho infantil bem montado numa área arborizada. Quem estiver com criança vai gostar de dar um tempinho por aqui para descansar.
Até porque, atravessando a rua, está o Cantinho da Ostra, um quiosque simples com uma vista genial e o melhor peixinho frito na hora (R$ 5 a unidade).
As porções de ostras fresquíssimas são criadas por aqui e selecionadas pelos pescadores ao lado do pequeno restaurante. Importante: não trabalha com cartões, só aceita pagamento em dinheiro.
Enquanto saboreávamos as comidinhas (tem pastel de camarão, ostras e lula frita a preços bem mais em conta que nos restaurantes próximos) como um escondidinho de siri por R$ 10, a Mariana se divertia no balanço e no escorregador sem a gente precisar tirar os olhos dela… e do petisco. Tudo à espera do anoitecer, quando Santo Antônio de Lisboa consegue ficar ainda mais pitoresco e fascinante.
O passeio por Santo Antônio de Lisboa pode ser feito em meio dia. Prefira a parte da tarde por motivos de você p.r.e.c.i.s.a. ver o pôr do sol mais lindo de Florianópolis. (Segundo o Matraca Ibope. #medeixa) O ideal é vir para o almoço e dar um rolé depois com calma.
É aqui que dezenas de fotógrafos, profissionais e amadores, se reúnem nos finais de tarde para garantir algumas das mais belas imagens do álbum. Dê só uma olhada!
Dicas da Matraca
O passeio por Santo Antônio de Lisboa pode ser feito em meio período, mas se você tiver um dia inteiro, dedique a parte da manhã ao Ribeirão da Ilha, bairro mais ao sul de Florianópolis que também compõe um dos mais antigos núcleos de ocupação açoriana do estado. (Em breve falo dele aqui!)
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Fotos: Raul Mattar (menos as roubadas do meu instagram e a última do pôr do sol que, acredite, foi feita com minha maquininha tômática). 😀